Arquivo para março \31\-02:00 2013

Tá aí um bom programa pré-clássico

banner_carreteiro

Non habemus papam

O Avaí vai para o difícil jogo contra o Joinville sem Marquinhos. O Galego, a cabeça pensante desse time sem muito brilho,  forçou o terceiro cartão amarelo na partida contra o Guarani para não correr o risco de ficar fora do clássico. Uns acharam certo, outros, errado, e eu estou nesse segundo grupo.

Montagem feita pelo Gérson dos Santos, do blogue Avaixonados (www.avaixonados.com)

O confronto deste domingo é mais decisivo para classificação que o clássico. Se ganhar hoje, o Avaí abre sete pontos de vantagem para o Joinville e praticamente afasta esse hoje adversário direto da briga pela vaga na semifinal. Se perder, a pontuação fica em 22 a 21, e trazemos os tricolores de volta para a disputa. O co-irmão, com 28 29 pontos e ainda um jogo contra o Juventus a fazer, já está virtualmente classificado, pelo menos pelo índice técnico. O clássico só vai ser um duelo de vida ou morte se perdermos para o JEC. Por isso, a presença de Marquinhos lá no Norte seria importante.

“Ah, mas todo clássico é um duelo de vida ou morte.” Discordo, acho que é muita moral que estamos dando pro Figão, mas agora está feito, e é assim que vai ser. Sem Marquinhos, devemos ver um Avaí mais corredor e menos pensador hoje. Não lembro de jogador no elenco que tenha as mesmas características que o Galego. Talvez o Higor, 19 anos, sete jogos como profissional no Fluminense. Nadson, Maranhão, Marrone e Ricardinho são muito mais pulmão que cérebro.

Haja o que hajar, uma certeza eu tenho: como hoje é Páscoa, leremos/ouviremos/veremos muitos editores, repórteres, narradores, apresentadores etc. fazendo piadas infames com o fato de o JEC ser o “Coelho”. Haja fígado.

Como valorizar uma torcida

O co-irmão Figão decidiu cumprir seu jogo de perda de mando de campo na Arena Joinville. Possivelmente, dentre todas as opções que tinha, a pior escolha para os torcedores deles. Joinville não tem torcida do Figueirense, não é tão perto (180km) e costuma ser hostil com os times de Florianópolis. Em 2002, por exemplo, o Figueirense mandou no Ernestão um jogo da Série A contra o Guarani, e pessoas, supostamente torcedores do JEC atiraram, de fora do estádio, rojões contra as arquibancadas enquanto rolava o jogo. É muita amizade, não?

Ficou claro que o torcedor é a última coisa em que o Figão pensou. Até as dimensões do gramado são mais importantes que aquele que sustenta o clube. Tivesse feito o jogo em Palhoça, Camboriú ou Blumenau, o co-irmão teria mais público e, quem sabe, poderia até fazer umas palhaçadinhas tipo essa que o Boca Juniors fez, no vídeo abaixo, mostrando como sua torcida é capaz de lotar e fazer tremer um estádio longe de Buenos Aires (em San Juan, quase na fronteira com o Chile, na final da Copa Argentina 2012 contra o Racing).

Só que o Boca exalta e valoriza seu torcedor de verdade e criou muito da imagem que tem em cima de sua torcida. Quem já visitou a Bombonera sabe como é: eles te ensinam até a cantar músicas da torcida boquense e a comemorar um gol subindo no alambrado, como aqueles doentes que vemos pela TV.

Os nossos times não chegam nem perto de fazer algo minimamente parecido. Aliás, pelo contrário. Aqui, ainda somos culpados por fracassos.

Por que o torcedor não vai ao estádio?

Essa é uma pergunta tão difícil de responder quanto “Por que o frango atravessou a estrada?“. Principalmente porque não estamos falando de robôs, nem de ratos de laboratório, mas de pessoas, que têm reações, paixões, sentimentos, pensamentos etc., os mais diversos. O que afasta um torcedor do estádio pode não ser um motivo que afete o outro. Pelo contrário, pode até ser que o motive a ir à cancha. Uma campanha ruim, por exemplo, pode fazer um torcedor deixar de ir aos jogos, enquanto outro, que estava afastado, volta “para ajudar o clube”. Já vi isso acontecer.

O peso com que um fator influencia a decisão de um torcedor em deixar de ir aos jogos pode não ter o mesmo peso para outro. Há também diferentes níveis de “fanatismo” na relação do torcedor com seu clube. O que um atura por bastante tempo pode ser motivo para que outro, igualmente torcedor, deixe de ir ao estádio na hora. Eu vou a todos os jogos na Ressacada e em muitos fora (ano passado, por exemplo, assisti in loco 16 de 22 jogos que o Avaí fez no estadual. Neste ano, estive em nove de 14), mas nem por isso me acho mais torcedor que outros. Vou porque posso, gosto, quero e relevo algumas dificuldades. Mas esse é o meu perfil, somente um entre tantos possíveis e imagináveis.

Descobrir os verdadeiros motivos da debandada que ocorreu das arquibancadas da Ressacada pós-2010 não é tarefa fácil, demanda tempo e uma pesquisa parruda. Moleza é chutar que a torcida não vai porque é chata, corneteira e escuta o Miguel Livramento. A preguiça de pensar abunda.

Pois bem, quinta-feira foi um dia de boas reflexões sobre o porquê do baixo público nos jogos do Avaí e até do futebol brasileiro em geral. O Adir José Jr. fez isso em seus perfis no Twitter e no Facebook, e os blogues O Meu AvaíAvaixonados e Sangue Azurra reproduziram. Quem também abordou o assunto foi o Rafael Botelho, no TV Blogueiro. Vale a pena ler ambos.

E, por fim, na mesma quinta, vi uma análise feita por Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria, com 17 pontos (coincidentemente, ou não, o número de regras do futebol) que ele avalia como os que mais afastam os torcedores brasileiros dos estádios. Prestem atenção neste trecho:

… não há como negar que  por trás deste problema há um pressuposto equivocado cultivado por anos dentro dos clubes, de que a paixão pelo futebol faz com que o torcedor aceite qualquer desaforo para ver de perto o seu time do  coração. No passado isso poderia se justificar, mas a realidade mudou, e hoje o futebol tem que disputar mercado com outras opções de entretenimento, num mundo onde a preocupação em atender bem ao consumidor é a regra.

O que fica implícito no pensamento do Fernando é o seguinte: temos dirigentes com pensamento de anos 1970 comandando clubes que precisam se adaptar ao século XXI. Aí fica difícil mesmo. Bom, quanto aos 17 motivos para o torcedor não ir ao estádio, ele divide em dois tipos: os de alto impacto (oito) e os de médio e baixo impacto (nove). São esses abaixo.

Não é a verdade absoluta, mas é a visão de alguém com experiência em pesquisas no mercado do futebol. Acho que todos esses fatores podem influenciar mesmo, em maior ou menor medida. No caso avaiano, por exemplo, “acesso ao estádio”, creio, seria um fator de alto impacto, enquanto “qualidade do estádio” seria de baixo impacto. E ainda considero que, embora todos influenciem e estejam relacionados, o fator “preço” ainda é o mais relevante, pois é ele que define o público que os clubes querem atingir – mas o que fazem para cativá-lo?

Leiam e vejam se concordam:

Fatores de alto impacto

a) Violência

b) Preço dos ingressos

c) Qualidade dos estádios

d) Oferta de pay-per-view

e) Outras opções de entretenimento (cinemas, teatro, bares, praia, etc.)

f) Pouca importância dos jogos

g) Baixa qualidade / tradição do adversário

h) Nível de competitividade do time local / má posição na tabela

Fatores de médio e baixo impacto

a) Horário dos jogos

b) Dificuldade na compra de ingressos

c) Acesso ruim ao estádio

d) Oferta de Meios de transporte

e) Oferta de estacionamento

f) Oferta de alimentação

g) Oferta de serviços

h) Clima

i) Excesso de jogos na TV

Dois a zero é goleada

Contra o Guarani, o Avaí repetiu sua maior vitória no Chevettão 2013, igualando o placar da partida contra a Chapecoense: 2 a 0. Pode não ter sido o jogo dos sonhos, mas vamos combinar que esperar bom futebol de um time que só o demonstrou uma vez em 13 partidas seria demais. O que poderíamos esperar mesmo era a vitória, e ela veio.

O jogo na verdade teve só 45 minutos, os finais, já que o primeiro tempo foi tão bom quanto pintar com Lukscolor – seja lá o que isso signifique. O nosso time saiu vaiado para o intervalo e, vejam só, voltou melhor para a segunda etapa, desafiando todas as leis da física, química, biologia, matemática, lógica, estudos sociais e astrologia, segundo as quais as vaias têm um poder devastador sobre a atuação de um time de futebol.

Coube ao maior artilheiro avaiano de todos os tempos das últimas semanas, Reis, abrir o marcador, aos 10 minutos do segundo tempo, num gol de centroavante. Cobrança de escanteio, a zaga dos caras embananou-se, a bola ficou ali pererecando e ele não perdoou. O Avaí já era melhor na segunda etapa, depois que Ricardinho (o treinador) tirou Jéferson Maranhão e colocou Nadson. De fato, o Robinho de 2013, vaiado até quando pisca, fez um primeiro tempo horroroso, conseguindo errar todos os passes que tentou. Nem Sarney com maioria no Senado conseguiria aprovar a permanência de seu conterrâneo para o segundo tempo, depois da bizarra atuação dele na primeira etapa.

O filho de Nad foi bem mais efetivo na criação de jogadas e até fez o seu golzinho, aos 44 minutos do segundo tempo. Tal qual Carlos na Copa de 1986 contra a França, o goleiro bugrino deu o azar de a bola bater na trave, nas suas costas e entrar. Problema dele. Dois a zero para nós no placar e Allez les Bleus!

Com mais essa vitória, o Avaí segue praticando seu alpinismo classificatório. Devagar, colocando um pé aqui, apoiando-se numa pedrinha ali, o Leão foi conseguindo vitórias magras e suadas. Como tem bastante gente fazendo esforço para não se classificar às semifinais do estadual, aproveitamos, somamos nossos pontinhos e  já estamos em terceiro na classificação geral e em segundo no returno. É o suficiente para fazer o que importa na primeira fase: chegar às semifinais. Dali pra frente, é outro campeonato.

Artilheiros e garçons

Gols

Marquinhos – 5

Reis – 3

Rodriguinho – 3

Marrone – 2

Roberson – 2

Alê – 1

Danilo – 1

Dinélson – 1

Jéferson Maranhão – 1

Nádson – 1

Paulinho – 1

Ricardinho – 1

 

Passes para gol

Marquinhos – 2

Reis – 2

Arlan – 1

Jéferson Maranhão – 1

Roberson – 1

Ñameé korasó mbareté

Essas palavrinhas do título do post estão nas costas de uma camisa da Seleção Paraguaia que tenho na minha coleção. São do idioma guarani e significam, segundo encontrei na internet, “força, coração e garra”. A mesma camisa tem em sua gola o desenho de um leão, o que me fez lembrar que, contra o Guarani, o Leão da Ilha vai precisar de muita força, coração e garra para sair com a vitória. Não deve ser tão fácil quanto gostaríamos.

detalhe_camisa_paraguai

Detalhe da camisa do Paraguai com as palavras em guarani e o leão.

Além de serem alvianis (uau!), da Grande Florianópolis e terem nomes que rimam com “aí, aí, aí”, Avaí e Guarani fazem campanhas parecidas e vêm de momentos quase idênticos no segundo turno. Ambos têm sete pontos, conquistados nos últimos três jogos, dos quais dois foram em casa e um fora. Ah, e vêm de vitória sobre times de uniforme grená. É muita coincidência. Só faltava o Ricardinho ter bigode (abraço, Joceli!).

Mas hoje à noite não há nada mais que o Leão possa fazer além de frear essa ascensão do Bugre. Os resultados de ontem foram bons. Atlético e Metropolitano empataram. Uma vitória deixa o Avaí em terceiro lugar na classificação geral, já abrindo dois pontos para o Metrô e três para o Hermann Aichinger. Entra também na briga pelo título do returno, com um pontinho a menos que o Figão e empatado com o time do Mauro Ovelha. Se vencer, claro.

Não preciso dizer que é um jogo deveras interessante. Espero que tenhamos um bom público, pelo menos uns 10 mil pagantes, mas não vou ser eu a ensinar o torcedor a torcer. Quem quer ir, vá (eu vou, como sempre. Vamos?). Quem não quiser, que fique em casa.

O Guarani é um bom livro. E um time esforçado.

O Avaí deve começar a partida com a mesma formação que iniciou o jogo contra o Juventus. Pablo e Alef na zaga, que foi pavorosa nos últimos dois jogos. Ricardinho no meio, que deve ter uma interessante formação em losango. Tipo assim:

Alê

Ricardinho – Jéferson Maranhão

Marquinhos

Acho que pode funcionar. Embora tenha várias ressalvas a fazer ao futebol do Maranhão, o “novo Robinho” (malhado pela torcida até quando respira), penso que ele tem feito partidas razoáveis atuando um pouco mais recuado (vi isso ocorrer pela primeira vez no segundo tempo contra o Guarani). É o único meia canhoto que temos. Não tem tu, vai tu mesmo.

Muito ñameé korasó mbareté hoje à noite!

Violência

Sei que o tema da violência no futebol é chato e complexo. Mas vou tentar tratar dele sempre que for possível, já que não podemos fingir que não existe.

Do desabafo sobre a violência no futebol e a “criminalização” de torcedores da paz que o Rafael Botelho fez em seu blogue TV Blogueiro, e que foi reproduzido em outros blogues, a parte que mais me chamou a atenção foi essa:

– No intervalo [de Juventus 2×3 Avaí, em Jaraguá do Sul], meu filho pergunta: “Pai, por que aquele policial está com uma escopeta na mão e olhando pra gente?”

Aparato policial para um jogo do Campeonato Sergipano. Precisaria isso tudo pra um simples jogo de futebol? (Foto: Batalhão de Choque PMSE)

É difícil mesmo de explicar ao filho de 9 anos do Rafael o porquê de termos policiais armados até os dentes para fazer a segurança de um simples jogo de futebol. Mas, vejam, é algo que “evoluiu” com o tempo. Os mais antigos lembram que as torcidas de Avaí e Figueirense iam juntas aos clássicos e nem existia divisão entre elas nas arquibancadas. A minha geração não pegou essa época e tem dificuldade em aceitar a possibilidade de haver, por exemplo, um setor misto em clássicos, algo que seria normal algumas décadas atrás. 

A minha geração também acostumou-se com a ideia de que um alvinegro não pode ficar na Toca do Leão até minutos antes de um clássico na Ressacada e, daqui a pouco, não conceberemos mais a ideia de que uma torcida organizada pode ir ao clássico sem que seja escoltada pela PM. Se nada for feito, a geração do filho do Rafael pode crescer com a ideia de que cavalaria, spray de pimenta, bala de borracha e helicóptero são tão inerentes a uma partida de futebol quanto a bola, o árbitro e os jogadores.

Quando falo em algo a ser feito, não sei dizer exatamente o quê. Na verdade, creio que sejam “o quês”, um conjunto de ações, que envolvam governo, Justiça, segurança pública, federações, clubes e mesmo nós, torcedores. Por isso, vejo como positivas punições como a que o Figueirense recebeu pela baderna provocada pela Gaviões Alvinegros após o último clássico. Sei que muita gente vai defender que “o clube não é responsável pelos atos de seus torcedores”, mas considero que essa é uma das ações que podem ajudar no combate à violência no futebol. O Figueirense foi prejudicado e a sua torcida também, pelo ato dos “organizados”. É uma ótima oportunidade para que clube e demais torcedores repensem sua relação com esses caras.

Briga entre torcedores da Roma (Itália) e do Manchester Untied (Inglaterra) em 2007. Era apenas um jogo de futebol… (Foto: Daily Mail)

Gostem ou não, na maioria dos casos, a violência ligada ao futebol tem origem nas torcidas organizadas, e isso não é só no Brasil – o mesmo acontece com as barras bravas nos nossos vizinhos sul-americanos ou com os ultras na Europa. Se os casos de violência têm origem não na totalidade de uma torcida, mas por uma pequena parte dela, não fica mais fácil combatê-los? Em teoria, deveria ser, mas as organizadas têm, muitas vezes, apoio dos clubes para viagens e compra de ingressos, recebem um espaço no estádio só para elas e são idolatradas por muitos torcedores – inclusive pelos atos de violência que cometem.


Em ambos os casos, é o o que se pode chamar de “ode à violência”

É verdade que quase sempre são elas que fazem a festa, puxam os cantos, são o “pulmão” do estádio e, eu também acredito nisso, a maioria de seus componentes não se envolvem em brigas.  Mas se o objetivo delas é só o de apoiar o clube, e se elas são “organizadas”, não conseguem identificar e retirar esses maus elementos dos seus quadros? Esses caras que aprontaram no clássico serão expulsos da Gaviões? Ou vão, ao contrário, ser vistos como “referência” na torcida? A Mancha Azul, a União Tricolor, a Fúria Marcilista etc., aceitam como seus componentes torcedores com histórico de participar de atos de violência? Por que os bons não conseguem afastar os maus?

Imagem pesada, né? É para nós não esquecermos. Ah, e era apenas um jogo de futebol… (Foto: Diário Catarinense)

Não quero criar alarmismo, mas em Santa Catarina a violência no futebol é latente. Às vezes, parece que está tudo calmo, mas sempre acontece um apedrejamento de ônibus aqui, uma tocaia ali, nada que ganhe muito espaço no noticiário, até que, um belo dia, alguém é baleado dentro do estádio, ou morre por causa uma pedrada na cabeça, ou tem a mão decepada por uma bomba caseira – e, pra mim, a discussão sobre quem atirou a primeira pedra é clubista e irrelevante.

Aí, a imprensa e a sociedade convocam discussões sobre a violência no futebol, que em pouco tempo serão esquecidas, até o próximo caso “grave”. Quem vai a estádio, ou viaja para ver seu time, com o Rafael Botelho, sabe que o clima de tensão é constante. Algo que o filho dele, de 9 anos, talvez ainda não entenda completamente, mas parece já ter notado que existe.

Peneira

A defesa é o maior problema do Avaí no Chevettão 2013 e isso fica mais claro ao observarmos que a média de gols sofridos pelo Leão no estadual é, neste momento, a maior desde 2004. Já levamos 22 gols em 13 partidas, mesmo número que o lanterna Camboriú, o que dá uma média de 1,69 gol por jogo. Há nove anos, essa média foi de 1,70 (17 gols em 10 partidas).

Curiosamente, a média é ainda maior se consideramos apenas o segundo turno: dois gols por jogo. No entanto, nosso aproveitamento de pontos nesse período (56,6%) é superior ao dos nove jogos anteriores (44,4%). Ou seja, o Avaí está sofrendo mais gols, mas também marcando mais (quase dobrou. Tem média de 2,50 gols marcados por jogo no returno, contra 1,33 no turno) e somando mais pontos.

Não sei, portanto, até que ponto essa alta média de gols sofridos é resultado de um sistema defensivo ruim ou de um time que arrisca mais e, consequentemente, deixa sua defesa mais exposta. A impressão que tenho é que nossa defesa comete erros demais de posicionamento, tanto em jogadas pelo chão (veja os jogos contra Atlético e Juventus como os atacantes adversários estavam livres próximos ou dentro da nossa área) como aéreas (já levamos gol de bola aérea do Figueirense, do Juventus, dois do Guarani…).

Já sofremos também gol contra, gol que o Gustavo rabou em bola e entregou a bola pro cara do Criciúma e até gol em que a defesa foi pega de calças curtas em erro de saída de bola. Mas acho que um treininho intensivo de posicionamento e de bola aérea não faria mal.

Médias de gols sofridos pelo Avaí por partida no Catarinense

2004 – 1,70 (17 gols /10 jogos)

2005 – 1,16 (21/18)

2006 – 1,31 (21/16)

2007 – 1,41 (31/22)

2008 – 0,91 (20/22)

2009 – 1,19 (31/26)

2010 – 1,04 (25/24)

2011 – 1,50 (30/20)

2012 – 1,04 (23/22)

2013 – 1,69 (22/13)

Dia de Reis

Hoje é o dia de Santo Reis
Anda meio esquecido
Mas é o dia da festa
De Santo Reis

(“A festa de Santo Reis”, de Tim Maia)

Estava um domingo bom para pantufas, pijamas e um edredom quentinho, mas quem não é disso – como eu, meus amigos e mais uns 100 avaianos – encarou os 190km e a chuva para ir a Jaraguá do Sul ver o Avaí vencer, com mais dificuldade do que deveria, o decadente Juventus. A ida valeu pela amizade, por saborear uma boa cuca (a de Jaraguá é a melhor de Santa Catarina e, consequentemente, do mundo) e para ver a bela atuação de Reis, esse centroavante que surpreende a cada jogo. Ontem, ele fez um gol, deu passe para os outros dois e criou as melhores chances do Leão.

Em duas partidas com campo pesado, a principal qualidade de Reis, a força, sobressaiu-se. Nosso centroavante faz bem o trabalho de pivô e chuta bem com a canhota – quando a bola caiu no pé direito, porém, nada deu certo. Três gols e dois passes para gol em três jogos seguidos como titular são belos números. Que continue assim. Vida longa ao nosso Reis.

A fragilidade desse novo Juventus, com jogadores e até o treinador emprestados de um time da terceira divisão estadual (o Jaraguá), ficou evidente nas duas partidas mais recentes, contra o Camboriú em casa (derrota por 3 a 1) e o Atlético fora (derrota por 3 a 0). Pode ser que o campo pesado por causa da chuva tenha nivelado o jogo por baixo, mas a dificuldade encontrada pelo Avaí para vencer o time jaraguaense ficou além do esperado.

Tivemos pouca criatividade (Marquinhos fez má partida), tanto que dois gols saíram de lançamentos longos, e nossa zaga teve mais uma atuação muito ruim. Além de falhas de posicionamento inexplicáveis para jogadores que já atuaram juntos diversas vezes, cada cruzamento juventino era um cagaço. O gol de empate, não por acaso, foi de cabeça, logo depois de o Juventus ter ganho pelo menos outras duas disputas aéreas.

Falando em cruzamento, continua a incapacidade de nossos laterais em ir à linha de fundo e fazer jogadas de overlapping (COUTINHO, 1978). Preferem fazer cruzamentos infrutíferos da intermediária. Tem que corrigir isso aí, Ricardinho (o treinador). Já Ricardinho (o volante) teve boa atuação novamente, assim como contra o Criciúma. Ficamos com um meio bem mais leve com ele. É de se pensar se uma formação com Alê, Eduardo Costa e Marquinhos, só com Jéferson Maranhão pra correr, terá vida longa.

Chove? Faz frio? Quem se importa? Urra, Leão!

Ricardinho (o treinador) cometeu um erro, ao meu ver, no segundo tempo. O Avaí tinha o contra-ataque na mão e ele decidiu tirar Roberson (ok, não jogou bem) e Jéferson Maranhão para colocar Marrone e Julinho. Resultado: perdemos a velocidade. Tinhamos contra-ataques puxados por jogadores lentos, como Reis, Marquinhos e Julinho. Não funcionou. Deveria ter entrado Rodriguinho, fato que só ocorreu depois do 2 a 2.

No fim das contas, foram mais três pontos, que colocam o Avaí em quarto lugar na classificação geral, com os mesmos 19 pontos do Metropolitano, mas com uma vitória a menos. Ainda assim, se o campeonato terminasse hoje (tá, não termina), estaríamos fora da semifinal, pois o Atlético, quinto na classificação geral, é o líder do returno. Tem que ficar ligado nisso aí.

Para quinta-feira, contra o Guarani, que vem de sete pontos somados em três jogos, temos que melhorar bastante em relação a domingo. Mais uma vez, são três pontos que não podemos deixar escapar.


Seja sócio

Divirta-se com amigos