Archive for the 'O Rei do Carianos' Category

Sobre o presidente

Texto sobre o  presidente do Avaí publicado pelo André Tarnowsky em seu blogue e com o qual concordo. Os grifos são meus. O post completo está aqui.

Não há dúvidas, como colocou o Aguiar [do Força Azurra], que Zunino é um grande empresário. Todavia, no futebol, entra para a história, e aqui já é opinião deste blogueiro, como um presidente de muitas tentativas e poucas conquistas. Certo que tivemos um bicampeonato e um acesso à elite do futebol brasileiro. Esse último, desfeito com o rebaixamento depois de três temporadas. Isso tudo, ou apenas isso, ao longo de dez anos de mandato.

É verdade também, que nosso patrimônio cresceu, mas com ele, a dívida do clube também atingiu patamares nunca antes conhecidos…

Se estamos nos trilhos, só o tempo dirá. De uns anos para cá, transparência não foi uma palavra conhecida no Sul da Ilha.

De quem é o Julinho

O André Tarnowsky, do Blog do Tarnowsky, deu uma resposta àquela minha pergunta do post De quem é o Julinho?” (não respondeu ao meu post, mas publicou algo a respeito).

Segundo o André, que acredito estar bem informado sobre o assunto, a negociação do Julinho com o Sport foi tranquila. Vejam:

“No início desse mês, numa ponte aérea Rio-Recife, Julinho acabou sendo emprestado ao Sport Clube do Recife, o conhecido Leão da Ilha do Retiro. 

O “difícil” no empréstimo de Julinho ao Leão da Ilha do Retiro, é que pertencendo ao Avaí e estando no Vasco da Gama, precisaria do aval dos diretores do Sul da Ilha, bem como do empresário do jogador.
 
E esse aval acabou sendo a parte mais fácil da questão: o diretor do Avaí e o empresário do jogador,  na negociação em tela, foram a mesma pessoa, “dois em um“, Gabriel Zunino, proprietário da Ilha Sports.
Estou curioso para saber quanto entrou no cofre da Ressacada…

Só faço um reparo à argumentação do colega: Gabriel Zunino não é, pelo menos oficialmente, diretor do Avaí. O nome dele não consta no organograma. Se ele é o empresário do Julinho, provavelmente a negociação foi um pouco mais difícil: ele teve que convencer o presidente (coincidentemente, seu pai) ou algum dos diretores (coincidentemente, subordinados ao seu pai) a liberar o lateral-esquerdo, que seria titular com meia perna nesse time de 2012, para o Sport.

E eu, como o André, estou bastante curioso para saber quantos dilmões o empréstimo do Julinho para o Sport vai render para o Avaí.

Ah, e o que eu acho do fato de o filho do presidente do clube ser empresário de jogador do clube (segundo o InfoEsporte, é do Léo Campos, por exemplo)? Acho que é mais do que suficientemente grave para um IMPEACHMENT.  Só isso.

Memória de elefante

As imagens abaixo mostram que não é com base somente na emoção que se faz um movimento para mudar o clube. Na base do “é só coração”, qualquer movimento fica à mercê dos resultados. O time ganha? Eu te amo, presidente. O time perde? Eu te odeio,  o presidente. Não pode ser simples assim.

A frase do século

Repetindo para quem não leu o texto de quinta ou a matéria no InfoEsporte (ler texto longo na internet cansa, eu sei):

“De repente sai um Neymar daqui e eu ganhei uma montoeira, já pensasse?”

João Nilson Zunino, em entrevista ao site InfoEsporte.

O patrono

Em setembro de 1923, surgiu o Avaí, cujas primeiras camisas foram adquiridas pelo comerciante Amadeu Horn, espécie de patrono da turma que fundou o clube. Faz bastante isso, e o futebol era bem diferente naquela época. Não sei o que mais Horn doou ao clube, o que recebeu em troca disso, se é que recebeu. Talvez o único retorno que o Avaí tenha dado a ele foi adotar as cores do seu clube do coração no remo, o Riachuelo.

Passados quase 90 anos, na era do futebol profissional, ainda persiste a cultura do “patrono” no nosso clube. Muita gente boa que conheço defende que o presidente tem que ser alguém com cacife para injetar dinheiro no clube. Essa seria a única alternativa para o Avaí, o meu, o teu, o nosso Avaí, continuar existindo como equipe capaz de competir em alto nível. Não consigo concordar.

Nessa cultura, é visto como normal o presidente “emprestar” dinheiro a rodo ao clube. Seria, inclusive, uma grandiosa prova de amor. Vejam só, o cara tira dinheiro do bolso para que o nosso time possa ser forte e competitivo. Eu colaboro com R$ 90 por mês e ainda reclamo. Ele, injeta R$ 5 milhões, R$ 10 milhões, sei lá quantos milhões (ninguém sabe) e ainda é criticado. Muita injustiça, não?

Eu penso assim: essa prática não é benéfica ao clube. Jamais. Na minha visão de futebol, um clube tem que sustentar por conta própria, seja com dinheiro dos associados, patrocínios, negociações de jogadores e tudo mais que o futebol possa gerar. Um clube que depende do dinheiro do seu mecenas  é artificial. Ele está na Série A, mas não é de Série A. Tem potencial para Série C e olhe lá. Quando o patrono sair, é terra arrasada, pois não se construiu nada para que o clube sobreviva pelas próprias pernas. Vai ter que vir outro ricaço pra mantê-lo.

E tem mais. Se o patrono empresta o dinheiro, ele se sente dono do clube. É mais ou menos assim: “fui que botei dinheiro, eu que mando e vocês fiquem quietos, que daqui eu não saio”. Um dia o clube vai ter que pagar essa dívida, senão, ele não sai. Como diz um grande avaiano que conheço, corre-se o enorme risco de que esse cara “sequestre” o clube: “ou me pagam, ou não devolvo”. E, para pagar o resgate, só fazendo as coisas mais absurdas. Quer ver?

Dia desses, o presidente João Nilson Zunino disse em entrevista ao InfoEsporte que não só ele já colocou grana no clube, como alguns diretores ajudaram a pagar dívidas contraídas com a enxurrada de pernas-de-pau contratados em 2011. Dívidas que eles mesmo fizeram, ao gastar mais do que deviam (na entrevista, o presidente coloca a culpa, pasmem, no Gallo, um reles treinador). E eis que surge algo mais assustador que toda a série Sexta-Feira 13 somada: o nosso mandatário cogita ceder direitos federativos de atletas da base aos diretores para pagar a dívida.

É uma aberração administrativa que eu nunca tinha visto: eu torro o dinheiro do clube, eu “empresto” dinheiro ao clube, o clube me dá  seu patrimônio em troca. Segundo o presidente, está tudo certo com o Conselho Deliberativo, que já está ciente e apóia isso. Pode ser que apóie, mas por unanimidade, tenham certeza, não será. Como raios alguém em sã consciência pode aceitar isso?

E se o guri da base estoura e é vendido por milhões? O dirigente que emprestou alguns milhares pode sair ganhando uma grana preta… É melhor que poupança, aplicação financeira, que investir na bolsa, não? E se o jogador for vendido por migalhas à primeira proposta que surgir só pra pagar a dívida com o diretor? E se o clube tiver condições de manter o jogador e ele fique aqui por 20 anos? Como o diretor vai ter o dinheiro de volta? Existe essa possibilidade?

Eis o pensamento que resume tudo:

– De repente sai um Neymar daqui e eu ganhei uma montoeira, já pensasse? (…) Eu não vejo nada demais. Eu acho que é um negócio. – disse o presidente ao InfoEsporte.

E eles falam isso sem corar. E eu, cada vez mais, garro nojo do futebol.

Sobre o Félix, pra finalizar

A segunda parte da entrevista que o Felipe Matos, do blogue Memória Avaiana, fez com o ex-presidente Flávio Félix  foi demais. Foi uma entrevista, digamos, “delicada”, já que o tema é a gestão Zunino analisada por um antecessor e hoje desafeto (pelo menos na visão da diretoria atual, que proibiu uma faixa que exaltava Flávio Félix na Ressacada). Achei que em nenhum momento caiu nos ataques gratuitos contra a gestão avaiana.

Parabenizo entrevistado e entrevistador e já deixo a sugestão pro Felipe, que é historiador e tem um blogue sobre a história do Avaí, que entreviste também outros ex-presidentes. Eles passaram por lá, sabem como é e podem contribuir com idéias para o clube.

Sobre a segunda parte da entrevista, destaco esses pontos que o ex-presidente falou:

“O torcedor não têm saudades do Flávio, na verdade, mas do modelo de gestão que fugia dessa tal de profissionalização que tornou os clubes reféns de presidentes milionários ou de empresários espertos, quando não dos dois exemplos. Os clubes melhores administrados do país, São Paulo, Santos, entre outros, seguem outros caminhos. É mentira que precisamos de empresários espertalhões como parceiros. No mais, esta mercantilização despudorada existente em alguns clubes, sem qualquer transparência, tira o romantismo do torcedor.”

Não sei dizer se Flávio Félix era bom ou mau presidente para o clube. Não me ligava na administração do Avaí na época (tinha entre 13 e 17 anos quando ele foi presidente), somente nos resultados em campo. E posso dizer que era feliz com os resultados na época. Então, ele foi um bom presidente para o torcedor. Sobre a profissionalização e mercantilização, concordo plenamente com ele. Sempre vão aparecer vozes, inclusive na imprensa, dizendo que “o futebol de hoje é assim”. Não é não. Não precisa ser assim. Sempre há outras alternativas.

Essas mesmas pessoas também vivem repetindo que a globalização das equipes de futebol – supertimes montados com fortunas dos xeques e barões do petróleo reunindo jogadores do mundo inteiro – é um caminho sem volta. Aí aparece o Barcelona com nove jogadores formados em sua base, seis deles da sua própria região, a Catalunha (que tem população semelhante à de Santa Catarina), e monta o maior time que vimos nos últimos 20 ou 30 anos. Outra alternativa sempre é possível

“Fazer futebol é difícil em qualquer lugar. Mas, se voce contrata uma centena de profissionais por ano, entre jogadores, treinadores, auxiliares, preparadores, diretores e funcionários por ano, deve ser bem mais difícil mesmo para o clube.”

Perfeito. Conheço gente que reclama que não tem dinheiro – e não tem mesmo, que eu sei – mas anda com um carro que vale o dobro do meu (eu não tenho muito dinheiro, mas não reclamo. Agradeço o que tenho). O Avaí “não tem dinheiro”, mas contratou 40 jogadores em 2011 e mantinha um elenco com quase 50. Por que não contratar 10 ou 15 (bons) e manter um elenco com 30 ou 33, então?

“Mas, provavelmente vai haver [um grupo organizado de oposição], salvo se o caminho da atual diretoria for corrigido, pois ai perde o sentido fazer oposição pelo poder simplesmente.”

Concordo. Querer o bem do clube é uma coisa. Politicagem, outra bem diferente.

“Só na várzea o Presidente tem que colocar dinheiro.”

Tô indo lá na gráfica encomendar uma faixa com essa frase. Perfeito. Isso é coisa da década de 1970 e olhe lá. Já era.

“Sou totalmente favorável as eleições diretas. Desde a época da ditadura. Nos clubes mais ainda. O clube é dos sócios e cabe a eles escolherem diretamente seus mandatários.”

Estou de pleno acordo. O Internacional, clube que saiu da sombra do Grêmio para ser um dos maiores da América na última década, adota eleições diretas. Torcedores de Vitória e Palmeiras organizam movimentos para cobrar eleições nos seus clubes. A participação do sócio-torcedor na vida do clube é um caminho sem volta. Espero que essa “novidade” não demore a chegar em Santa Catarina.

Pra finalizar, faço Ctrl+C e Ctrl+V de mais um blogue avaiano, o Avaixonados, do Gerson dos Santos, que sintetiza o que penso: “… não me coloco como opositor ou apoiador do atual ou dos antigos grupos de diretorias, já que meu vínculo é exclusivo ao grupo do torcedor, aquele que rala a bunda na arquibancada e volta pra casa sem voz depois de 90min de alegria e sofrimento. Sou Avaí e nada mais.(grifo do autor – e meu também)

Recomendo…

… a leitura da entrevista que o Felipe Matos, do blogue Memória Avaiana, fez com o ex-presidente Flávio Félix. Aqui.

É nosso, mas não é

O presidente João Nilson Zunino esteve presente à reunião de quarta-feira do Conselho Deliberativo. Falou bastante, é verdade (mais que todos os conselheiros), mas foi importante para perguntarmos diretamente a ele sobre o orçamento de 2012 e outras coisas relativas ao clube. Uma das perguntas que fiz foi sobre o fato de o Avaí registrar jogadores que nunca atuaram pelo clube, casos como João Paulo (Ponte Preta) e Jéfferson Maranhão (Paraná). Afinal, o que o clube ganha com isso?

Segundo o presidente, que respondeu à pergunta sem pestanejar, essa prática ocorre como uma aposta do clube nesses jogadores. Registra-se o atleta da LA Sports por aqui e, se ele for bem na outra equipe, pode-se trazê-lo para a Ressacada, como se fez com o Júnior Urso. O verbo é “poder” mesmo. Apesar de o jogador ser registrado no Avaí, nada garante que o clube consiga trazê-lo. Jéfferson Maranhão seria um jogador que interessa, mas não é fácil tirá-lo do Paraná. Mesmo sendo “nosso”.

Ponto importante da resposta do presidente – afinal, a pauta era o Orçamento 2012 e foi o que me motivou a fazer a pergunta – foi o de que o Avaí recebe uns dinheiros caso esses jogadores sejam negociados. Então, se João Paulo ou Jéfferson Maranhão forem para outros clubes, temos direito ao valor referentes aos direitos econômicos deles. A expectativa do clube é faturar entre R$ 1,5 milhão e R$ 3 milhões com negociação de jogadores em 2012.

Particularmente, acharia mais normal se: a) os jogadores fossem registrado no Avaí e jogassem no Avaí; b) os jogadores que jogam no Paraná ou Ponte Preta fossem registrados no Paraná ou Ponte Preta. Não gosto desse “estilo Tombense de ser” para o meu clube. De qualquer maneira, resta acompanhar os passos de João Paulo e Jéfferson Maranhão para saber se ganharemos alguma coisa tendo registrado esses dois jogadores aqui.

Quer arrumar dinheiro? Pergunte-me como

Zunino diz que, para 2012, quem quiser reforço de renome para 2012, “que arrume o dinheiro”. Pois eu dou três dicas para o presidente sobre como “arrumar dinheiro”:

1) Não se desfaça de 9 jogadores do melhor time de sua história por apenas R$ 3 milhões;

2) Não contrate 40 jogadores num ano. Nem 50, nem 60, nem 70…;

3) Não seja rebaixado justamente um ano antes de as cotas de TV quadruplicarem.

A grande família

O site InfoEsporte informou neste sábado (19) que Gabriel Zunino, filho do presidente do Avaí, está expandindo os negócios e montando uma empresa de agenciamento de jogadores. A maioria dos jogadores que ele agencia são do… Avaí, claro, de quem mais poderia ser?

Um desses jogadores é o lateral Léo Campos, esse que foi o único jogador da base escalado na partida contra o Vasco e que já tem contrato renovado até 2017.

Agora vocês imaginem o presidente do Avaí (pai) sentando à mesa para negociar com o empresário do jogador (filho) a renovação do contrato… O empresário, claro, não trabalha por caridade. Ganha algum percentual no salário, na venda do jogador, enfim, depende do contrato.

Aí, meus queridos, temos um gravíssimo problema ético. Não há argumentos para defender uma situação dessas. Seria inaceitável em qualquer clube profissional, que tem um conselho deliberativo e mesmo uma torcida atuantes. Mas como é no Avaí, esse ex-clube de futebol que virou empresa de negociação de jogadores, vale tudo.

A passividade bovina de todos nós diante de tudo o que fizeram com nosso ex-clube é assustadora.


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