O Deus do Clássico

A turma do atual vice-campeão catarinense e parte da imprensa apelidou Fernandes, aquele bom meia que passou pelo time deles, de “O Rei do Clássico”. Isso porque Fernandes fez cinco gols em 23 clássicos, com nove vitórias, sete empates e sete derrotas. Aproveitamento de pontos de 49,27%.

Agora, por favor, se estiver em pé, sente-se. Porque nas próximas linhas vais conhecer “O Deus do Clássico”. Vais ler e depois vais pensar assim: Fernandes who?

Não sei se viram, mas eu e um grupo de amigos avaianos, que fazemos parte desse bando de loucos que é a Conselharia Azurra, fizemos uma entrevista com Régis, o Rejão, Régis Cachaça, enfim, aquele volantaço avaiano da década de 1990 (1994 a 1998 e 1999 a 2000, pra ser mais exato). Se ainda não visse, recomendo que leia o texto “Vitória no campo e na vida” e os vídeos da série “Régis, encarnação da raça avaiana” (parte 1 / parte 2, na qual ele fala sobre clássicos contra o Figueirense). Régis é para muitos da minha geração mais que um ídolo: era o Avaí em forma de jogador.

Pois bem, antes de finalmente começar a contar o que fez o Deus do Clássico contra o Figueirense, informo  aos co-irmãos e imprensa com a sinceridade de uma criança: o seu Rei está nu.

O Deus Régis nunca fez gol em clássico, é evidente, porque sua missão na Terra não era fazer gols, mas evitá-los, inclusive com carrinhos de cabeça. Régis foi expulso três vezes em clássicos e ficou a apenas uma expulsão do recorde de expulsões em clássicos, que pertence, claro, aos avaianos Orivaldo, Cavallazzi e Rogério Ávila. Fernandes nunca foi expulso em clássicos e, parece, nunca foi expulso na carreira. Um gentleman.

Como vimos, Fernandes teve 49,27% de aproveitamento de pontos em clássicos. Régis teve 53,03%. Foram nove vitórias, oito empates e só cinco derrotas em 22 partidas. Régis ajudou o Avaí a eliminar o Figueirense da Copa Santa Catarina de 1995, do Catarinense de 1998 e da Copa do Brasil de 1999. Pra elas ganharem alguma coisa do volante, foi preciso ajuda de árbitros, bandeirinhas, bolas arremessadas pra dentro de campo, cavalarias e tal. Coisas que Cléber Santana e sua trupe devolveram com juros e correção no ano passado.

O confronto direto Régis x Fernandes, o duelo do meião arriado contra a camisa dentro do calção, só ocorreu, infelizmente (para nós, avaianos), duas vezes. Ambas na Ressacada e ambas terminaram com vitória avaiana: 2×0 na final do Catarinense de 1999 e 2×1 no Catarinense de 2000. Ou seja: 100% de aproveitamento pro Rejão contra o “Rei” (risos). Ainda sobre Fernandes, vale lembrar que ele disputou três partidas de final de Catarinense contra o Avaí e… perdeu todas.

Régis só foi conhecer uma derrota em seu oitavo clássico. Seu aproveitamento na Ressacada foi de 61,11% de pontos (6v, 4e, 2d). No Scarpelli, 43,33% (3v, 4e, 3d). No período em que Régis esteve no Avaí, houve seis clássicos dos quais o jogador mais raçudo de todos os tempos não participou. O Avaí não ganhou nenhum deles: três empates e três derrotas. Ou seja, a presença de Régis fazia o rival tremer.

Vale lembrar que, naquela época pré-PPP, Avaí e Figueirense equivaliam-se em orçamento e estrutura. Não teve Série A x Série B, dobro de orçamento, essas coisas. Mas, claro, havia um fator que nos beneficiava e tornava a disputa desigual. O fator Régis.

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