É bom para o clube?

A novidade sobre o projeto de construção de uma arena e outros quetais onde hoje ficam a Ressacada e o CFA era pra ser uma notícia pra ficarmos felizes, mas a primeira reação é arrepiar os cabelos. Tudo porque a gente não consegue mais acreditar no que o presidente do Avaí diz. E alguns pontos da reportagem exclusiva divulgada na quarta pelo InfoEsporte (li primeiro no O Meu Avaí) nos deixam com aquele CARRAPATO GIGANTE atrás da orelha.

Começo pelo valor do empreendimento. A estimativa é de R$ 600 milhões. É muita, mas muita grana. Para comparação, cito que tanto a Arena do Grêmio quanto a Arena do Palmeiras vão custar metade disso (R$ 300 milhões).

Mas aí, o argumento é de que não vai ser construída só a arena, mas dois hotéis, um com 350 quartos (se tiver 12 andares, dá quase 30 quartos por andar) e outro com 150, dois edifícios com escritórios (totalizando 300 escritórios), um centro de convenções de 6 mil metros quadrados e um shopping center com cinemas. Por isso, os R$ 600 milhões.

Faço, então a pergunta que não quer calar: o que dois hotéis, dois edifícios de escritórios, um centro de convenções e um shopping center com cinema têm a ver com o FUTEBOL CLUBE que o Avaí carrega no nome ou o “sociedade civil sem fins lucrativos” que está em seu estatuto? “Ah, o clube vai poder se beneficiar do dinheiro gerado pelos empreendimentos e investir no futebol e outros esportes”. Ok, seria fantástico se isso acontecesse. Mas, pela fala do presidente na matéria, não vai ser assim.

Segundo o próprio presidente, de R$ 50 ou R$ 60 milhões que o empreendimento deve gerar por ano, o Avaí vai ficar com a inacreditável quantia de R$ 4 milhões (menos de 10% do total). Isso porque tudo vai ser construído nos terrenos do clube… É uma mixaria o que o clube ganharia. Não dá 20% do orçamento 2012, quando estamos na Série B.

O restante ficaria com os investidores, que vão construir tudo (arena, hotéis, edifícios, centro de conveções, shopping center com cinema etc.), e administrarão tudo por 30 anos… Três décadas recebendo menos de 10% dos lucros de um empreendimento no nosso terreno. Já imaginaram? Um negócio da China. Menos para o clube.

Falando em “nosso terreno”, tem uma parte do texto que me saltou aos olhos (desculpem pelos lugares-comuns). Como os hotéis, os edifícios, o centro de convenções e o shopping center com cinema vão ser construído onde hoje fica o CFA, o Avaí vai ter que buscar um novo lugar para o seu centro de treinamento. Segundo o presidente, há um terreno, que ele, pessoa física, comprou na Tapera e que pode ser usado para isso. Os investidores comprariam o terreno dele e, depois, a área ficaria para o Avaí.

Sério, não dá. Já é futebol de várzea elevado ao quadrado presidente colocar dinheiro do bolso no clube. Presidente comprar terreno com seu dinheiro pra fazer centro de treinamento pro clube, então, é um nível antes inimaginável de mistura do pessoal com o institucional.

Para finalizar, o presidente diz que o Conselho Deliberativo está sabendo de tudo e não vai se opor. Sou neófito no Conselho, então não sei dizer se isso é verdade. Nas duas reuniões que fui, isso nunca foi tratado. Mas, se foi tratado, pelo visto, já está tudo acertado, já que o presidente garante que o conselho “não criará empecilhos”. O conselho deve zelar pelo patrimônio e crescimento do clube. Se o projeto for bom para o clube, não há porque “criar empecilhos”. Mas esse projeto é bom para o clube? É isso que tem que ficar claro, muito mais claro do que foi dito na matéria do InfoEsporte.

5 Respostas to “É bom para o clube?”


  1. 2 Alexandre Aguiar 16 de fevereiro de 2012 às 11:29

    Mas pela sua matéria parece não ser bom para o clube.
    A minha preocupação, como não sou gado de manada (embora muita gente queira me fazer ser o que não sou), não é geral, mas é que por picuinhas e aleivosias, vamos perder oportunidades.
    Disse no meu blog e repito: em primeiro lugar o projeto não é novidade, mas há muitos se fazendo de desentendidos.
    Em segundo lugar, há outros itneresses por trás disso, que é a movimentação de uma oposição tosca e sem objetivos. Isso, sim, não é bom para o clube. O ponto é derrubar uma iniciativa do Zunino, seja ela boa ou ruim.
    E, depois, é óbvio que um projeto desses seria inviável, aí, sim, pelos investimentos, mas nunca pela discussão da moral e do caráter de alguém.

  2. 3 felipefbs 16 de fevereiro de 2012 às 12:28

    Olá. Com as informações publicadas pelo InfoEsporte, fiquei sim com bastante dúvidas sobre o quanto isso é bom para o clube. Construir tudo isso, acabar com o CFA, comprar o terreno do presidente, pra ficarmos com 6 a 8% dos lucros, enquanto os caras ficam com mais de 90%? Cadê a vantagem pro clube?

    Sobre o caráter e moral do presidente Zunino, realmente não tenho como discutir, pois não o conheço. Discuto ações dele que me parecem varzeanas e, até mesmo, perigosas para o clube, como colocar dinheiro do bolso no clube, ter o filho como empresário de jogador do clube e, agora, comprar terreno pro centro de treinamento do clube com dinheiro do bolso. Não consigo achar isso tudo certo, mesmo com as melhores intenções que ele possa ter.

    Sobre ser do contra por ser do contra, simplesmente por ser oposição ao Zunino, por questões políticas e tal, concordo que não é nada bom para o clube. Agora, eu, um mero torcedor, sempre fico com um pé atrás com o que ele diz, e não faltam motivos. Desde coisas “bobas”, como dizer que o time de 2009 não seria desmanchado (saíram 9), até negar que o filho fosse empresário de jogador (depois o próprio Gabriel disse ao InfoEsporte que é/era), houve várias situações em que os fatos contradisseram o que o presidente falou e que, pra mim, o fizeram perder credibilidade no que diz. Mesmo que ele esteja falando a maior verdade do mundo, fico com dúvidas.

    Finalizando, quero mais que o presidente Zunino faça uma grande gestão, ganhe títulos, ajude o Avaí a crescer, construa um grande patrimônio pro clube, essas coisas, sendo transparente nas suas ações. Se o Avaí for um clube de sucesso dentro e fora de campo, de modo transparente com seu torcedor, sou o primeiro a dar três voltas olímpicas com o Zunino no colo. O nome de quem está na cadeira de presidente pouco me importa, desde que o meu clube, o meu time, esteja sendo bem administrado. E não é batendo palmas pra tudo que os diretores dizem/fazem que vamos conseguir isso.

    Nessa última frase, não tô mandando recado pra ti, assim como acredito que não mandasse recado pra mim, afinal, nem nos conhecemos. Agradeço o comentário e, agora que conheço, vou acompanhar teu blogue também.

    Abraço.

  3. 4 Alexandre Aguiar 16 de fevereiro de 2012 às 12:52

    Felipe, um bom debate se constrói assim mesmo, pondo as opiniões e ponderando sobre elas.
    Não sou de dar recados, honestamente. Aliás, me incomodo com um monte de gente exatamente por dar a cara a tapa.

    Não acho que esta arena vá sair. Não pelo presidente ser boquirroto ou dizer uma coisa e fazer outra. Mas é pela própria magnitude do projeto. Não vou levantar, por isso, suspeitas levianas, como muita gente está fazendo.

    O que está saindo por aí é um monte de bobagens. levantamento de hipóteses. Espero que pessoas razoáveis e inteligentes, como tu me pareces ser, analisem antes de seguir o rebanho. Por que, senão, fica chato haver apenas um pensamento, o de quebrar e ser contra tudo o que o presidente Zunino fizer, não achas? Não é o de apoiar o que ele faz, longe disso, mas é ser crítico com crítica razoável e sensata.

    Há sentimentalismo no ar. Medos infantis. Cálculos furados em relação ao projeto. E, a partir daí, se montam espantalhos diversos.

  4. 5 Marcelo 16 de fevereiro de 2012 às 16:02

    É bom levar alguns pontos em consideração:

    1) Se estão prometendo prédios com 12 andares, não poderão cumprir. Minha família tem um terreno ali ao lado, com 88 mil metros quadrados e o plano diretor prevê para o local no máximo prédios com 3 andares + pilotis.
    Além disso, tem restrições para construções comerciais e área de preservação na jogada.

    2) Curiosamente, nenhum “investidor” apareceu com 15 milhões (que é o preço que estamos pedindo pelo terreno da família), mas para usar a área do CT (que não deve nem chegar perto de 88 mil m2) estão dispostos a investir 600 milhões e ainda pagar 150 milhões pro Avaí (5 millhões em 30 anos), ou seja, exatamente 10 VEZES o preço que estamos pedindo. Tem gato na tuba, não parece?


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